terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Miguel Esteves Cardoso

Este foi um texto de Miguel Esteves Cardoso com o qual me cruzei "acidentalmente" na net...e ainda bem que assim foi!

Aqui fica para todos

texto de Miguel Esteves Cardoso in Expresso

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei de dizê-la. Muito do que se segue pode ser,por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não éo mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo o que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavanderia. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais,discutem tudo de antemão, fazem planos e á mínima merdinha entram em"diálogo".O amor passou a ser passível, de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócia-bio-ecológica de camaradagem.A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-seuma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonaremde verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único e verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto deconveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão covardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "ta bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim,a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casaizinhos. Para onde quer que se olhe, já não sevê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços e muitas flores. O amorfechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. O amor é o amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender,não é para nos ajudar, não é para nos fazerem felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar,para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que invente e minta o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama,não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter,querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

domingo, 29 de janeiro de 2006

QUE É SER DESIGNER?


Trabalhar em horários estranhos (tal como as putas)

Pagarem-nos para fazer o cliente feliz (tal como as putas)

O cliente às vezes até paga muito, mas o nosso patrão fica com quase tudo (tal como as putas)

O nosso trabalho vai sempre além do expediente (tal como as putas)

Somos recompensados por realizar as ideias do cliente (tal como as putas)

Os nossos amigos distanciam-se e só andamos com outros iguais a nós (tal como as putas)

Quando vamos ao encontro do cliente temos que estar sempre apresentáveis (tal como as putas)

Mas quando voltamos parecemos saídos do Inferno (tal como as putas)

O cliente quer sempre pagar menos e que façamos maravilhas (tal como as putas)

Quando nos perguntam em que é que trabalhamos, temos dificuldade em explicar (tal como as putas)
Se as coisas dão errado é sempre culpa nossa (tal como as putas)


Todos os dias ao acordar dizemos:

"NÃO VOU PASSAR O RESTO DA MINHA VIDA A FAZER ISTO" (tal como as putas)...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Ensanguentado

Gela-me o corpo; gela-me a alma. Os olhos irrompem numa neblina de desespero. O medo invade-me e aprisiona-me com amarras de malvadez. Não quero pensar que te estou a perder – não o quero sentir. Quando penso no tempo, quando penso na falta dele, o coração comprime-se e deixa de bombear vida para a minha alma. As veias secam; e onde passava sangue passa agora água e cloreto de sódio.
Faz-me doer a incerteza de te perder. Faz-me doer a certeza de não te ter.

Alma

Para a alma nunca há nascimento nem morte.
Ela é não nascida, eterna, sempre existente, primordial e imortal

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

O coração tem mais quartos que uma casa de putas...

O ser humano é por natureza um ser sentimental. O ser humano de nacionalidade portuguêsa...uiiiiii....muito mais - ele é o triste fado de um povo marcado pela eterna saudade (tão marcado, ao ponto de ser uma palavra exclusiva da lingua de Camões).
Sentimentos exacerbados. Criaturas de corações abertos, tão abertos que por vezes passam mesmo despercebidos.

"O coração tem mais quartos que uma casa de putas..." - esta frase, mais do que o seu caracter forte, imprime outro sentido à palavra coração.
Por mais quartos que uma casa de putas tenha, será que o amor está presente?
Ou será que está sempre presente, mas de outra forma?

Questões interessantes, mas ás quais não irei dar resposta...tão simplesmente porque não as vislumbro sequer...

Cada um ama à sua maneira...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Manifesto de design gráfico

( Traduzido e adaptado do Manifesto Medelin, de 26 de Abril de 2002, in Icograda )"

1. O que é que nós, Designers de Comunicação, somos?

• Seres humanos, antes de designers.
• Os designers são comunicadores visuais, criadores de mensagens.
• Somos criadores de éticas e estéticas.
• Somos pensadores, descodificadores de informação, imagem, identidade e comunicação como também transformadores de códigos visuais.
• Nós somos agentes de educação visual, imagens, palavra e ambiente.
• Nós somos dinamizadores, transformadores, leitores, investigadores, criadores e editores de códigos visuais e linguagens.
• Somos construtores, reconstrutores e desconstrutores.
• Nós lemos e interpretamos contextos e realidades, e enriquecemos a cultura.
• Nós somos profissionais necessários para trabalhar em projectos multi-disciplinares.
• Nós não somos nem artistas nem artesãos.
• Nós não somos simples pessoas que fazem rascunhos ou publicistas.
• Não somos secretárias com CorelDraw. "

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Inutilidades...

Inútil...
Completamente inútil. Hipnóticamente inútil...tipo anuncios das televendas. Ou seja, completamente inúteis, mas que muitos de nós os vimos sem percebermos bem o porquê - é mais forte que nós, quando damos conta lá estamos nós, frente á caixinha mágica a ver algo miraculosamente fantástico que nos irá alterar a vida num abrir e fechar de olhos. Sabemos exactamente que não é isso que se vai passar. Sabemos que se comprarmos algo, provávelmente tudo irá ficar na mesma...
Mas as televendas são extremamente úteis...pelo menos para mim. Tão úteis quanto este blog...podem não mudar o mundo, mas fazem parte do meu mundo!

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